Dr. Ezequiel Chissonde
Era uma manhã de sábado. Gostaria de estar dormindo, afinal durmo muito pouco, quase todos os dias. Nesse dia, seria mais do que merecido. Queria estar com minha família, dando e recebendo carinho ou, quem sabe, passeando e curtindo uma bela paisagem. Mas nem tudo é como queremos... Como sempre diz minha sogra: “Primeiro o dever, depois o lazer”.
Um senhor de cerca 60 anos era o próximo da fila. Como demorava a chegar, me levantei para ver o que estava acontecendo. Entendi a demora quando percebi a dificuldade... Por ser uma unidade pública em um prédio velho, não havia sequer rampa ou qualquer tipo de acessibilidade para deficientes e cadeirantes.
Ouvi atentamente seu histórico, o examinei e fiz a prescrição. Pedi à equipe de enfermagem que já aplicasse as 2 primeiras injeções naquele momento, antes dele retornar para casa.
Na consulta seguinte, pouco mais de 1 mês, após sentar-se perguntou: O senhor lembra de mim? Fiquei em silêncio, dei uma rápida olhada no prontuário e respondi. Ah sim, agora lembro. Como vai o senhor?
Doutor, nem te conto: Como estou bem. O senhor lembra de como era intensa a minha dor? Lembra que eu nem conseguia andar? Lembro sim! Respondi.
Pois é, faziam 4 anos eu que não conseguia andar, de tanta dor e inflamação. Em minhas mãos ásperas, enrugadas e doloridas, nada ficava firme e seguro. Naquela cadeira de rodas, passei por vários especialistas, ninguém conseguiu identificar o que tinha. O senhor me curou!!!.
Hoje eu vim caminhando e sozinho. As feridas na perna estão cicatrizando. E olha minhas mãos novamente lisas... Meu coração disparou...Suspirei, elevei a mão ao queixo e continuei ouvindo... Faz 2 semanas que estou cuidando do meu jardim e minha pequena horta.
O senhor não imagina quanta diferença isso faz para mim...Muito obrigado!!! Não tem o que agradecer. Estamos aqui para isso. Ah... Pode ser apenas um alívio e não necessariamente a cura. Se cuida!